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Contêineres reformados são alternativa de moradia flexível e sustentável

Morar em um contêiner pode parecer sinônimo de viver confinado em um lugar quente e barulhento. Mas, com poucas intervenções, esses caixotes de metal se transformam em uma alternativa de moradia confortável, flexível e mais barata do que as casas de alvenaria tradicionais.

Existem dois tipos de contêineres mais comuns para habitação: de seis e de 12 metros de comprimento. O primeiro tem cerca de 15 metros quadrados, o segundo, 30 m². Todos são feitos de aço.

“Morar em um contêiner é uma atitude importante em termos de sustentabilidade. Combina com a tendência de as pessoas viverem em espaços cada vez menores e mais simples”, afirma Eduardo Nardelli, professor de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Mas, para cumprir a meta “verde”, a peça não pode ser nova, segundo Sasquia Obata, professora de arquitetura da Faap: “O aço é um recurso não renovável e consome muita energia para ser produzido. Se deixar de ser um objeto de reúso, vai gerar muito impacto na natureza”.

O preço é outro atrativo: um contêiner custa entre R$ 3.000 e R$ 12 mil, dependendo do modelo –os refrigerados, usados para transportar alimentos, têm isolamento térmico e são mais caros.

 

O arquiteto Danilo Corbas em sua casa-contêiner, em Carapicuíba (grande São Paulo) Por: Zanone Fraissat/Folhapress

A flexibilidade da construção, com módulos que podem ser justapostos e empilhados, também é um dos pontos positivos. Segundo Nardelli, podem ser empilhadas no máximo quatro peças –mais do que isso, é preciso fazer um reforço estrutural de concreto.

INTERVENÇÕES

Não basta comprar um contêiner e simplesmente colocá-lo em um terreno. “O caixote pesa cerca de duas toneladas, tem que ter uma base estável para não afundar. É preciso fazer uma fundação rasa com laje de concreto”, diz o arquiteto Daniel Kalil.

Depois da instalação, é hora de fazer as intervenções. A principal é colocar revestimentos termo-acústicos. O arquiteto recomenda que sejam usados materiais isolantes como lã de rocha.

É preciso, contudo, prestar atenção quanto à escolha dos pisos, explica Danilo Corbas, do escritório de arquitetura Container Box: “Eles devem ser maleáveis para suportar a movimentação natural da estrutura metálica, que se expande e contrai”.

O arquiteto recomenda evitar pisos e revestimentos cimentícios, que podem rachar. Porcelanato e cerâmica, diz, estão liberados.

Ele mesmo vive em uma casa feita com quatro contêineres de 30 m² cada um, em Carapicuíba (Grande São Paulo). Cada módulo custou R$ 6.000.

“Morava em um apartamento e não sinto muita diferença entre os dois. Minha qualidade de vida aumentou muito”, afirma.

A instalação de portas e janelas, com a ajuda de molduras, e a justaposição de módulos exigem que pedaços do contêiner sejam cortados. É fundamental reforçar a estrutura depois disso para que ela não ceda, diz Corbas.

Instalações elétricas e hidráulicas ficam aparentes, geralmente nas laterais, o que facilita a manutenção e vistoria do sistema, de acordo com Obata.

Existem lojas especializadas na venda de contêineres. Na hora da compra, é fundamental saber a procedência da peça, se foi higienizada corretamente e conferir seu estado de conservação.

“Os quatro cantos e as vigas não podem estar amassados. Se estiverem, é um sinal de que a peça sofreu danos”, explica Lula Gouveia, arquiteto do SuperLimão, especialista em casa-contêiner.

Fonte: Folha/Morar

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